“Um quintal de telas e tapeçarias para o mundo” marca abertura de expografias no primeiro dia da FliConquista
O primeiro dia da FliConquista (15/11) contou com a abertura da expografia “Um quintal de telas e tapeçarias para o mundo”, da pintora Madalena Santos Reinbolt. O evento faz parte da programação da Feira Literária a partir do projeto Proler, o Programa Nacional de Incentivo à Leitura e traz recortes da obra da artista conquistense.
“Madalena representa os nossos ancestrais, a história do povo de Vitória da Conquista. Ela tinha uma liberdade, uma vontade de ganhar o mundo. O fato de sair de conquista em 1940 porque tinha vontade de ver e viver coisas lá fora mostra muito isso”, explicou a organizadora da expografia, Victória Vieira (SECULT/BA). Victória destacou a importância da história de Madalena para a memória cultural de Vitória da Conquista. “Sabemos que existem muitas madalenas no nosso município, por isso é muito importante falar dessa mulher, que através de uma linguagem tão simples, chegou à lugares como Veneza, Nova York, Milão. Todo lugar do planeta tem uma obra dela”, concluiu a organizadora.
Já Paula Ferreira, coordenadora do Proler, conta que conheceu a história de Madalena em janeiro deste ano, em uma uma exposição no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP). “Fiquei encantada com as obras de Madalena e sua maneira de bordar a vida e seus sonhos”, explicou Paula. Ao conhecer a história da pintora de Vitória da Conquista, Paula sentiu a necessidade de fazê-la conhecida no município. “Conversei com Vitória Vieira a respeito da importância de contar a história dessa conquistense, que fez parte da zona rural da nossa cidade e essa oportunidade chegou com a FliConquista”. Para Paula, a história de Madalena na FliConquista é um grito de liberdade, ao mostrar que essa mulher negra, sertaneja, da zona rural, foi capaz de ganhar o mundo e ser conhecida em diversos países por suas obras.
A curadora da Feira literária, Ester Figueiredo, destacou a importância da FliConquista para contar histórias como a de Madalena. “Uma conquistense desconhecida, mas que hoje, a feira literária, a partir dessa escolha de tornar pública pessoas que fazem a cultura e a literatura de Vitória da Conquista, encontrou em Madalena esses extratos”, afirmou Ester.
A professora Josy Costa, que estava presente na exposição, compartilhou o quanto estava feliz por Vitória da Conquista realizar pela primeira vez uma feira literária e de poder conhecer as obras e a história de Madalena Santos Reinbolt. “Eu não conhecia essa artista, é a primeira vez que estou vendo esse trabalho e eu estou achando lindo, as cores, as texturas, os tecidos e combinações da obra. É tudo tão sutil e ao mesmo tempo tão forte”, explicou Josy.
Madalena nasceu em 1919 e morava com os pais na zona rural de Vitória da Conquista. Ela nunca aprendeu a ler e começou cedo a trabalhar em residências em Salvador até se mudar para o Rio, onde foi trabalhar como cozinheira. Instalou-se em Petrópolis até a sua morte em 1977. Apesar de ter se dedicado à pintura, a artista ficou famosa por seus complexos bordados construídos com centenas de vibrantes linhas de cores — os chamados “quadros de lã”. Neles, Madalena representou a vida cotidiana no campo e também na cidade, repleta de personagens negros: festas, encontros, refeições coletivas, religiosidades e celebrações.
A FliConqista é realizada pelo Coletivo Barravento, composto por professores, produtores culturais, intelectuais e entusiastas da literatura, e conta com a parceria do Studio Palma e o apoio da Fundação Pedro Calmón, Governo do Estado da Bahia e Governo Federal do Brasil. A programação da FliConquista é completamente gratuita.
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Texto: Rebeca Spínola.
Fotos: Vinícius Brito