A roda de conversa enfatizou importância da mulher negra como base social
Pela força feminina, é formada a Literatura a Liberdade e a Justiça. Esse foi o tema da Conversa Literária com a escritora e jurista Lívia Sant’Ana Vaz, nomeada uma das 100 pessoas de descendência africana mais influentes da edição Lei & Justiça. A convidada enriqueceu a roda de conversa que trouxe os desafios do corpo negro, feminino, ancestral e atual no Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima, realizada na tarde desta sexta (17).
Para se pensar liberdade feminina é necessário se pensar em literatura, para se pensar literatura é necessário pensar em liberdade e direito, direito esse que, assim como expressou a escritora, é preciso que se ligue a outros conhecimentos. “É muito importante pensar que o Direito precisa dialogar com outros saberes a literatura tem papel fundamental em pensar a libertação e emancipação feminina”.
Exemplo de empoderamneto feminino e negro no âmbito juridico, Lívia é figura de representatividade, quebra de roteiros e estereótipos. A escritora esfatizou, durante a Conversa Literária, a necessidade de reconhecimento e visibilidade da mulher negra como a base da sociedade. “A primeira jurista brasileira era uma mulher negra, uma mulher escravizada. O movimento das mulheres negras lutam contra a gordofobia, o capacitismo, a Lgbtfobia, o genocído da juventude negra. Elas lutam por uma democracia efetiva no nosso país, democracia essa construída por nossas mulheres”.
A mediadora da mesa e advogada, Luciana Silva, contou como se sentiu feliz e orgulhosa em participar do evento. “Estamos na primeira Feira Literária de Vitória da Conquista com temas diversos e todos muito interessantes. Participei da mesa com Lívia Vaz e, para mim, foi um momento extremamente marcante. Vida longa à Fliconquista”.
Leonara Dias, estudante, expressou seu contentamento e vontade pelo tema da Conversa Literária. Para ela, foi possível certificar que as comunidades negras precisam de uma representante. “Acho muito importante a presença da Lívia na primeira Fliconquista trazendo um assunto tão importante e interessante pois entendemos a necessidade urgente de uma representatividade negra e feminina em cargos de poder, que nos olhe”.
A professora Elisangela Peixe não escondeu sua felicidade e satisfação ao se sentir representada com a discussão do tema tão necessário junto, especialmente com a participação de Lívia.“Foi um prazer enorme estar participando deste evento que proporcionou conhecer mais desse grande nome que é Lívia Vaz, uma mulher preta nesse espaço de poder. Durante durante muito tempo, lutamos contra uma bolha que nos impede de adentrar esse espaços de poderio. Falar de mulher e falar de mulher preta é, sem dúvidas, uma pauta necessária”.
“Vida longa a Literatura a Liberdade a justiça e a voz da mulher negra no Brasil”, terminou, de forma melódica, Lívia Vaz, citando os versos de Blera Vagalume. “Nós somos mais que nossas dores, do que nossas cicatrizes. Nossos passos vêm de longe, muito distantes, de muito antes. Moer as dores e transformá-las em justiça. A Justiça é uma mulher negra”.
A FliConquista é realizada pelo Coletivo Barravento, composto por professores, produtores culturais, intelectuais e entusiastas da literatura, e conta com a parceria do Studio Palma e o apoio da Fundação Pedro Calmón, Governo do Estado da Bahia e Governo Federal do Brasil. A programação é completamente gratuita.
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Texto: Edilaine Rocha. Parceria FliConquista, sob orientação de Paula Janay, e Avoador, produto laboratorial da disciplina Jornalismo Digital, do curso de Jornalismo da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb).
Fotos: Thiago Gama.