Na quinta-feira (14), segundo dia da FliConquista (Feira Literária de Vitória da Conquista), o teatro do Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima estava lotado, principalmente por jovens, para acompanhar a conversa com o escritor Raphael Montes. Autor renomado no gênero policial e de terror, Raphael é conhecido por obras como Suicidas (2012), Dias Perfeitos (2014), Uma Família Feliz (2024) e Bom Dia, Verônica (2020), sendo este último adaptado para uma série pela Netflix.
Apesar dos temas densos e da abordagem de questões complexas, os livros de Raphael Montes atraem um público variado, incluindo jovens, que compareceram em grande número à atividade com o autor.
Fani, uma estudante de 13 anos, viajou cerca de 400 km de Riacho de Santana até Vitória da Conquista, acompanhada pelo pai, para conhecer seu ídolo. “Eu comecei a ler aos 11 anos depois de ouvir falar sobre os livros do Raphael Montes. Desde então, não parei mais e já li todas os livros dele. Quando fui abraçá-lo, fiquei muito emocionada. Estou muito feliz de estar aqui”, compartilhou.
Geovana Porto, professora de português de 20 anos, também expressou a alegria de acompanhar a conversa com o escritor. “Foi maravilhosa. Quase não acreditei. Meu coração acelerou, a mão suava. Ele é uma pessoa com uma mente incrível, que escreve coisas fantásticas. Ter um autor como ele na contemporaneidade brasileira é importante, pois atrai a atenção dos jovens”, afirmou.
Maria Clara Lacerda, de 14 anos, aluna de Geovana, reforçou a importância do evento. “Foi uma experiência muito boa, que eu nunca imaginei que aconteceria aqui em Conquista, ainda mais em um evento gratuito. Sou muito fã dele, por conta da minha professora”, disse.
Analu Silva, estudante de Administração de 21 anos, destacou a conexão que sente com as histórias de Raphael. “Ele é incrível porque escreve de forma que nos identificamos, usando nossas referências, gírias e linguagem. Isso faz com que a gente mergulhe ainda mais nos livros. Eu adoro”, comentou.
O escritor de terror Renato Nakamura Ferreira também participou da mesa e compartilhou sua experiência. “Foi inspirador. É sempre bom ver que é possível chegar lá. O nicho de terror e suspense no Brasil é frágil, então é gratificante ver que existem pessoas que conseguem alcançar o topo”, destacou.
Para Raphael Montes, as feiras literárias têm um papel crucial na conexão entre leitores e autores, além de promoverem a literatura nacional. “Essas feiras literárias promovem um encontro entre eu, que escrevi o livro anos atrás, e o leitor, que o leu”, destacou o autor. Ele enfatizou a crescente valorização dos autores brasileiros que conseguem lotar auditórios e cativar o público. “Acho que isso vem acontecendo, primeiro graças aos próprios leitores, que cada vez mais se interessam por histórias que se passam no Brasil e as recomendam. Essa recomendação, feita de amigo para amigo ajuda a romper preconceitos sobre a literatura nacional.”
Além dos leitores, Raphael mencionou a importância dos livreiros e das redes sociais. “Os vendedores de livrarias e as redes sociais, como os booktubers e booktokers, têm um papel relevante, fazendo com que os livros sejam temas de conversa no Instagram, TikTok, e outras plataformas”, comentou.
Sobre o tema da FliConquista deste ano, que debateu os limites da literatura, Raphael falou sobre a natureza complementar entre a literatura e outras formas de manifestação artística. “Para mim, a literatura é a origem de tudo. As adaptações para séries, filmes e teatro são consequências que complementam a literatura”, explicou.
O autor também enfatizou a importância de democratizar o acesso aos livros. “Esses encontros são muito importantes para desmistificar a ideia de que a literatura é para poucos. Quando você coloca autores em feiras literárias, mostrando que são pessoas comuns, isso populariza o bom livro. Não importa sua classe social ou nível intelectual, se você começar a entrar no mundo dos livros, vai se apaixonar e descobrir muitas histórias fascinantes”, finalizou Raphael.
* A Feira Literária de Vitória da Conquista (2024), realizada entre os dias 13 e 17 de novembro, conta com o patrocínio do Governo Federal e do Governo do Estado da Bahia, através da Bahia Literária, ação da Fundação Pedro Calmon/ Secretaria de Cultura e da Secretaria de Educação, e apoio do Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima e da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.
Texto: Érika Camargo
Fotos: Lua Ife