Acervo cultural de Camillo de Jesus Lima repercute nos dias de hoje
A literatura não pode fugir da realidade de seu tempo, nem o escritor de sua responsabilidade crítica e participação social.
Camillo de Jesus Lima
Salientando a homenagem ao poeta Camillo de Jesus Lima, no Centro Cultural que leva o seu nome, onde foi realizada a Feira Literária de Vitória da Conquista, a mesa literária “Solidão: uma conversa – eu estou é no meio do mundo”, evidenciou a herança literária de Camillo de Jesus na manhã do sábado (18), quarto dia da FliConquista.
O legado que Camillo deixou para a sociedade brasileira serve de instrumento de pesquisas e análises, por conta da sua importante relevância no âmbito literário e cultural. Toda sua obra é reconhecida pelo empenho e dedicação que o poeta dedicava ao seu trabalho.
A mediadora, da mesa Zoraide Portela, destacou sua felicidade de mediar um momento tão importante da Fliconquista. Para ela, estar presente nesse momento é um grande prazer. “Sou amante de feiras literárias, estar com essa mesa com minha colega Esmeralda, e Fernanda, nossa ex aluna, é um prazer muito grande.”
Para Zoraide, o tema Literatura e Liberdade foi muito bem posto. “A literatura tem salvado muitas vidas. Como tenho dito para meus alunos, ao adentrar nesse universo literário, as pessoas conseguem escapar desse espaço de segregação. E, assim, por meio da literatura e da liberdade que ela proporciona, encontram-se consigo mesmas.”
A professora, doutora e pesquisadora da memória de Camillo Esmeralda Guimarães conta como conheceu o poeta: “Conheci Camillo há mais de trinta anos, nos corredores da UESB, quando ainda estava cursando Letras.”Após esse primeiro encontro, a pesquisadora se aprofundou nas buscas pelo o poeta e se empenhou a encontrar mais textos sobre Camillo.
A professora Esmeralda apresentou um compilado de detalhes importantes a respeito da vida do poeta, explicando que o artista era uma referência em suas construções culturais.
Durante a apresentação, a professora Esmeralda, acompanhada por Elton Becker e o artista Gutemberg, entoou uma canção criada por Elomar Figueira Melo.
A professora e pesquisadora Fernanda Pessoa completou a mesa sobre Camillo. Em sua trajetória acadêmica, do ensino fundamental até o ensino superior, Fernanda conheceu o poeta Camillo, de fato, apenas na faculdade. E salienta que a primeira sensação que teve ao conhecer a obra do artista foi de pertencimento e identidade.
Fernanda teceu uma pesquisa a respeito de como o Camillo leitor influenciou no Camillo escritor, nas suas obras e produções. Através da professora Esmeralda, Fernanda conseguiu ter acesso aos materiais do acervo do poeta.
De acordo com Fernanda, para Camilo, a poesia só poderia influir sobre o mundo se ela tivesse sabor de sangue, a função da poesia do poeta era carregada de sofrimento. A arte dele servia para o mundo a função social de dar voz a grupos subalternos. “É possível entender as dores de Camillo através das suas obras, um dos grandes segmentos de Camillo é dar voz a sentimentos e memória coletivas”
A pesquisadora Fernanda ainda salientou como o respeito e admiração que Camillo nutria pelos intelectuais daquela época moldaram as obras que ele viria a construir. “Camillo lia sobre a literatura brasileira, era apaixonado por Jorge Amado, José Lins do Rego e Carlos Prestes.” A escrita do artista foi primordial para a pesquisadora despertar o interesse em dar continuidade à pesquisa.
A apresentação ressaltou a importância dos estudos realizados por pesquisadores na região, proporcionando uma compreensão mais profunda de figuras relevantes. Após a ação, foi exibido um curta com personagens de renome falando sobre Camillo.
A Professora Ligia Malena relata que a mesa foi muito educativa e explanação foi interessante. “Apesar de sermos conquistenses, acredito que muitos não têm tanto conhecimento sobre a vida e obra de Camilo de Jesus Lima”. Ligia também destaca a importância de conhecer os artistas regionais. “A esperança é que haja mais oportunidades para explorar não apenas a vida de Camilo, mas também de outros importantes personagens regionais.”
Bisneto do grande poeta e homenageado Camillo de Jesus Lima, o estudante Pedro Sampaio Pinto conta como se sentiu após a mesa sobre seu Bisavô. “A exposição das obras revelou o quão relevante era a produção literária de Camillo, algo até então desconhecido para mim e para muitos outros. É gratificante ver essa obra sendo divulgada e exposta aqui. Sinto-me muito feliz e honrado por fazer parte dessa homenagem.”
Sobre a herança cultural em sua família, o estudante salienta como se sente. “É muito bacana e significativo ter esse legado, mas eu acredito que esse legado deve ser construído por cada um de nós. O foco aqui é na obra de Camilo, que deixou um trabalho tão gratificante e um legado valioso. Essa obra precisa ser divulgada, especialmente para os jovens, como eu, e para aqueles que não a conhecem.”
A mesa literária “Solidão: uma conversa – eu estou é no meio do mundo” conseguiu concretizar um linda homenagem a Camillo, fazendo uma viagem detalhada à sua trajetória cultural e suas importantes obras.
A FliConquista é realizada pelo Coletivo Barravento, composto por professores, produtores culturais, intelectuais e entusiastas da literatura, e conta com a parceria do Studio Palma e o apoio da Fundação Pedro Calmón, Governo do Estado da Bahia e Governo Federal do Brasil. A programação é completamente gratuita.
Para acompanhar todas as atualizações e informações sobre a FliConquista, siga o evento no Instagram.
Texto: Raquel Soreira. Parceria FliConquista, sob orientação de Paula Janay, e Avoador, produto laboratorial da disciplina Jornalismo Digital, do curso de Jornalismo da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb).
Fotos: Gabriela Nascimento.