Em espetáculo vibrante e interativo, Jackson Costa celebra a literatura nas diversas formas em que ela se expressa
Logo após a FliConquista abrir oficialmente as portas de sua segunda edição, no dia 13 de novembro de 2024, Jackson Costa entrou no Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima, em Vitória da Conquista, onde a Feira está sendo realizada. O ator chegou pela porta principal, não pelos bastidores do palco, descendo as escadas que levam à plateia do teatro.
Ele usava um gibão vermelho-escuro de tecido robusto, com penduricalhos dourados bordados e sandálias catingueiras nos pés – com toda a pompa exigida pra ocasião. Entrou recitando “Bendito o que semeia os livros”, do poeta Castro Alves, velho amigo seu.
Nas mãos, ele trazia um livro, mas que funcionava apenas como um adereço teatral nesse contexto, já que ele declamava o poema a partir de sua memória.
O Sarau do Poeta, espetáculo de Jackson Costa, na companhia dos músicos Joaquim Carvalho, Sidney Argolo e Eddie Santana, repleto de música, poesia e uma diversidade de expressões artísticas, definiu o tom que nos acompanhará nos próximos dias da FliConquista.
Literatura, o que é?
Afinal, o que é? É apenas o que se escreve, publica e coloca em uma estante? E o que se fala, será que também é literatura? E o que se canta? E a poesia?
Para Diro Oliveira, vocalista da Café com Blues, banda conhecida por combinar diferentes gêneros musicais e criar um autêntico blues catingueiro, que participou do Sarau do Poeta a convite de Jackson Costa, a literatura pode desafiar os limites convencionais.
“Muita coisa está nos livros: o que a gente escreve, o que também se canta. Para se cantar, é preciso escrever, mas nem tudo que se lê está escrito. A gente pode cantar o que não está escrito e escrever o que está sendo cantado”, disse.
Com a desenvoltura de ator e a eloquência de poeta, Jackson envolveu todo o público em suas brincadeiras, bagunçando os limites da palavra e desconcertando os literatos mais sisudos.
Uma das pessoas com quem ele interagiu foi o professor de literatura André Guerra, que recitou “Canção Amiga”, de Carlos Drummond de Andrade, e, junto com Jackson, “Mar Português”, de Fernando Pessoa.
“O espetáculo foi um tributo à poesia, um cântico em louvor ao que há de mais belo na nossa literatura, desde o popular até o erudito, passando pela sensibilidade de Jackson, acompanhado por músicos talentosos. Estou muito feliz de estar aqui”, disse André.
Jackson Costa é um propagador do poder da palavra. “A escrita que é criadora, né? O teatro, ele não existe sem escrita, a música não existe sem escrita. Mesmo que não tenha uma letra falada, tem um sentimento ali, que é a palavra pensada e sentida.”
Ele acredita que a palavra, seja ela falada ou cantada, é uma semente lançada nas mentes das pessoas, capaz de germinar e fazer brotar novas ideias, sentimentos e transformações.
“O que a gente faz nas feiras literárias é como um convite a essa troca”, ele diz, referindo-se ao impacto das feiras em cidades e comunidades. “Cada feira que acontece, as pessoas das cidades vizinhas que são ligadas à educação, à cultura, à prefeitura e tudo mais, que vão assistir, ficam tão encantadas com o que acontece naquela cidade naquele momento, que elas querem fazer isso na cidade delas”.
Para Jackson, eventos como a FliConquista são fundamentais, pois são espaços onde a literatura, a música, a dança e a expressão artística se entrelaçam, criando uma rede de sentidos que vão muito além dos livros e das palavras impressas nas páginas.
* A Feira Literária de Vitória da Conquista (2024), realizada entre os dias 13 e 17 de novembro, conta com o patrocínio do Governo Federal e do Governo do Estado da Bahia, através da Bahia Literária, ação da Fundação Pedro Calmon/ Secretaria de Cultura e da Secretaria de Educação, e apoio do Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima e da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.
Texto: Érika Camargo
Fotos: Lua Ife