No segundo dia da Feira Literária de Vitória da Conquista (FliConquista), na tarde desta quinta-feira (14), foi realizada a mesa “Literatura em Fluxos: Histórias de Vidas”, no teatro do Centro de Cultura. A atividade reuniu os escritores Jessé Andarilho, do Rio de Janeiro, e João Luiz do Couto, do Mato Grosso, que compartilharam suas trajetórias de vida, mostrando como a literatura transformou seus caminhos e como suas histórias têm o poder de impactar a vida de outras pessoas.
Segundo Ester Figueiredo, curadora da FliConquista, o encontro reforça o papel transformador da literatura: “O livro é uma biblioteca viva, e a vida humana também é uma biblioteca. Então, nessa dimensão, esse encontro do Jessé com o João, pela trajetória e pela forma como eles encontraram e trabalham com o livro, revela essa inspiração para a gente poder encontrar na literatura essas possibilidades de se formar e também de interpretar outras realidades”.
O escritor João Luiz do Couto, natural do Mato Grosso, era preparador físico e, ao perceber a falta de interesse dos jovens pela leitura, decidiu unir sua paixão pelo futebol com a literatura. Antes dos treinos, começou a ler contos para os jovens atletas, despertando neles o interesse pelos livros. João Luiz tem uma visão ampliada da literatura: “A literatura é muito rica, muito diversa. Tudo é história, e a história tem várias formas de ser contada: através do livro, da poesia, da música, do cinema”.
Jessé Andarilho, nascido no bairro do Lins, Rio de Janeiro, teve seu primeiro contato com a literatura ao receber de presente o livro Zona de Guerra, de Marcos Lopes. O presente marcou o início de sua trajetória como escritor. “Saí dizendo para todo mundo que tinha muitas histórias como as do livro para contar”. Dessa paixão surgiu o seu primeiro livro, Fiel, publicado em 2014, onde narra a vida nas periferias do Rio de Janeiro, sob o ponto de vista de quem viveu a realidade dos subúrbios cariocas. Desde então, Jessé conquistou o público jovem com sua escrita acessível e direta, ganhando o codinome “Andarilho”.
A literatura une todas as coisas
O encontro entre João Luiz e Jessé Andarilho durante a FliConquista foi marcado por relatos de experiências de vida muito distintas, mas que convergem na importância da literatura como ferramenta de transformação.
“Eu vejo o livro como uma bola, como um celular; minhas páginas do livro são como as telas de celular”, disse Jessé. Sua experiência como educador o motivou a criar a Biblioteca Marginow, em 2019, onde promove saraus, slams e batalhas de rima, incentivando o hábito de leitura entre os jovens que, como ele, não se viam nos clássicos literários.
Suzala Reis, que acompanhou a mesa, destacou a importância da literatura como um elo que une diferentes realidades e histórias. “A literatura tem esse poder, ela une tudo”, comentou. Com uma vida dedicada à leitura desde a infância, Suzala é exemplo de como a literatura pode fazer parte do cotidiano é da formação humana, incentivando, inclusive, o desenvolvimento de novos leitores, como faz com seu filho de três anos.
A mesa “Literatura em Fluxos: Histórias de Vidas” foi uma celebração da literatura enquanto agente transformador, mostrando que, independentemente do contexto, as histórias têm o poder de conectar pessoas e transformar realidades. A Feira Literária de Vitória da Conquista segue até o fim de semana, oferecendo uma programação diversa e inclusiva para todos.
* A Feira Literária de Vitória da Conquista (2024), realizada entre os dias 13 e 17 de novembro, conta com o patrocínio do Governo Federal e do Governo do Estado da Bahia, através da Bahia Literária, ação da Fundação Pedro Calmon/ Secretaria de Cultura e da Secretaria de Educação, e apoio do Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima e da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.
Texto: Érika Camargo
Fotos: Lua Ife